Desabafo
Vim nesta estrada longa.
Poeira nos sapatos,
sujeira nas roupas.
Muita coisa vi, pressenti.
Alegrias vivi, dores senti.
Chagas no corpo marcaram a pele branca.
Visões, alucinações embaçaram o que vi.
O que senti, esqueci.
Continuo aqui, sem rumo, como folha perdida ao vento.
Continuo vivendo?
Permaneço no ritmo dessa música.
Danço e canto músicas que nunca ouvi.
Choro lágrimas de um ódio intenso que jamais senti.
O fim desse desespero não existe.
Vivo o nada angustiante de tudo que ele contém.
Por isso,quando sair, não sairei;
quando chegar, não chegarei.
Estarei como se não estivesse,
viverei como se não vivesse,
chorarei como se não chorasse.
Eu não existo.
Selma Blaine
28/11/98
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